Por Laura Guido, estagiária de jornalismo, sob supervisão do jornalista Daniel Nardin
A reportagem “Desafios e soluções para melhorar a cobertura pré-natal em comunidades ribeirinhas na Amazônia” foi vencedora, em primeiro lugar, na categoria Jornalismo Digital, do Prêmio Roche de Jornalismo em saúde, edição 2024, uma iniciativa realizada em conjunto com a Fundação Gabo. O anúncio foi feito na noite de ontem (quinta-feira, 24), em Miami (USA), e o Amazônia Vox foi representado pela professora Marcela Castro. A reportagem finalista deste prêmio inspirou a criação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), também nesta semana.
O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde está em sua 12° edição, destas, este é o 11° trabalho brasileiro premiado, e o 1° da Amazônia Legal Brasileira. Entre os ganhadores em edições anteriores, estão, por exemplo, Caco Barcellos, por meio do Profissão Repórter, e o médico Drauzio Varella com série no Fantástico. Além disso, jornalistas dos veículos como Globo News, Correio Braziliense, Agência Pública e BBC Brasil também já foram premiados por esta iniciativa.
Para o jornalista Daniel Nardin, diretor do Amazônia Vox e autor da reportagem premiada, o principal prêmio veio antes da cerimônia e é a principal função do jornalismo: inspirar o PL que pode ajudar a mudar a realidade relatada na reportagem e, assim, contribuir de alguma forma com a transformação social positiva da sociedade. “Acredito que é o reconhecimento e uma motivação para fazer esse jornalismo pautado no social, em mostrar os nossos problemas mas, sobretudo, também apontar os caminhos de possíveis respostas, ainda que falhas, que é o preceito do jornalismo de soluções, e a gente fica ainda mais orgulhoso e com o sentimento de responsabilidade por saber que representa um jornalismo que é feito na Amazônia, por Amazônidas”, comemora Daniel.
Além disso, uma outra conquista dentro do cenário desta reportagem foi a possibilidade de engajar 40 adolescentes, estudantes da Escola Estadual Antônio Lemos, de Santa Izabel do Pará, que são revisores e editores desta reportagem, e foram engajados para o jornalismo profissional. E é neste contexto que o Amazônia Vox foi à Miami (USA) entre os três finalistas para a cerimônia de premiação representado pela professora Marcela Castro, que também faz parte da equipe do Amazônia Vox. Emocionada, a professora ressalta que pensar em saúde é pensar em diversidade e que, nesse contexto, o Amazônia Vox, os alunos da Escola Estadual Antônio Lemos e as mulheres ribeirinhas da Amazônia venceram.
“Eu não sou jornalista, eu sou professora, eu vim como professora, mas no meu coração, há o jornalismo do Amazônia Vox, a plataforma responsável não somente por ouvir, por dizer, mas por compartilhar. O Amazônia Vox preparou esta matéria sobre o pré-natal em áreas ribeirinhas no município de Abaetetuba, essa matéria foi revisada por 40 adolescentes, meus alunos da Escola Pública Antônio Lemos, no interior do Pará. O mais impressionante é que essa matéria não ficou somente no site, ela chegou a vocês, e como o jornalismo pode mudar vidas, ela se transformou em um projeto de lei que garante atendimento prioritário no pré-natal de mulheres ribeirinhas. Vocês, jornalistas, mudam vidas. O Daniel Nardin está agora em Londres, está assistindo. No início deste ano, o Daniel perdeu o pai, e o pai dele disse que quando o Amazônia Vox - que só tem dois anos - fosse indicado a um prêmio, o Amazônia Vox venceria. Hoje, o Amazônia Vox venceu. Os meus alunos venceram. As mulheres da amazônia venceram. Pensar em saúde é pensar em diversidade. Este é um passo, o primeiro de muitos”, declara Marcela Castro, emocionada após a premiação.
A reportagem é assinada pelo diretor do Amazônia Vox, Daniel Nardin e tem imagens em fotos e vídeo de Marcelo Lelis. Contou também com imagens de apoio de Marcio Nagano e edição final do documentário de Ney Trindade. A trilha sonora é do maestro Robenare Santos. A direção de arte e diagramação de Rapha Regis e desenvolvimento web de Samuel Burlamaqui. O conteúdo possui ainda ilustração de Thai Rodrigues e mentoria e edição de Paula Perim. A revisão textual foi feita pela professora Marcela Castro e pelos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Lemos, de Santa Izabel do Pará. A reportagem premiada é resultado de bolsa para produção de pauta do programa “Early Childhood Reporting Fellowship”, do The Dart Center for Journalism and Trauma, da Universidade de Columbia (EUA). O programa contou também com apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
O conteúdo inclui seis capítulos em texto e fotos, ilustração e um minidocumentário que está disponível no Youtube e também foi exibido em março de 2024 pelo Canal Futura, em rede nacional.
A reportagem aborda a cobertura de atendimento pré-natal, que na região amazônica é bem abaixo da média nacional: 55% contra 74%. Dos cem municípios brasileiros com menores indicadores de sete ou mais consultas, 95 estão em Estados da Amazônia Legal Brasileira.
Através da perspectiva do Jornalismo de Soluções, a reportagem joga luz ao problema, mas a partir de uma resposta. Para isso, apresenta o trabalho que é desenvolvido em Abaetetuba, no Pará, onde os indicadores vêm melhorando ano a ano, apesar das limitações.
Sobre o Prêmio Roche - O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Fundação Gabo, com o apoio da Roche América Latina e da Genentech, que busca premiar a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade de temas de saúde e ciência na América Latina, integrando perspectivas de diversas áreas como saúde, economia, política, social e outras da investigação jornalística.
Assista ao minidoc aqui: