Especialistas da Rede Amazônidas pelo Clima apontam desafios para COP 30 na Amazônia

19/12/2024 22:00

Por Samantha Mendes, estagiária de Jornalismo, sob supervisão da jornalista Carla Fischer

A primeira ação do Programa Diálogos de Comunicação, Temporada Trilhas da Cobertura Climática, marcou o início de uma jornada de treinamento destinada a jornalistas e comunicadores, com o objetivo de ampliar o debate sobre a Amazônia e as mudanças climáticas. Realizada pelo Instituto Bem da Amazônia, com o apoio institucional da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos no Brasil, essa iniciativa visa preparar profissionais para cobrir os desdobramentos da COP 30, que ocorrerá em Belém, em 2025.

O evento online reuniu importantes nomes da Rede Amazônidas pelo Clima (RAC) e de organizações parceiras. Entre os participantes estavam Caroline Rocha, representante da La Clima e da RAC; Isabela Morbach, do CCS Brasil, Instituto Bem da Amazônia e RAC, e Lise Tupiassu, da RAC e Universidade Federal do Pará (UFPA). Também participaram dos debates Daniel Nardin, do Amazônia Vox e Instituto Bem da Amazônia, e Cleide Pinheiro, presidente do Conselho do Instituto Bem da Amazônia e CEO da Temple Comunicação. Assista, na íntegra, aqui:

Os especialistas analisaram as lições aprendidas na COP 29 e os desafios que se desenham para a próxima edição do evento, enfatizando a necessidade de avanços em temas como:

Financiamento Climático: Um dos principais desafios será garantir que os recursos financeiros cheguem efetivamente às comunidades amazônicas. A falta de alinhamento entre fontes públicas e privadas, aliada a regulamentações complexas, foi apontada como uma barreira significativa. Segundo os especialistas, é urgente que esses recursos sejam concedidos como doações, e não como empréstimos, evitando o aumento da dívida dos países mais pobres.

Justiça Climática: A COP 30 representa uma oportunidade única para evidenciar as demandas dos países em desenvolvimento, com ênfase nas desigualdades geradas pelas mudanças climáticas. A Amazônia deve estar no centro das discussões sobre adaptação e mitigação. "A justiça climática precisa ser a base de todas as negociações, priorizando as comunidades mais vulneráveis", destacou Isabela Morbach.

Mercado de Carbono: A regulamentação recente no Brasil abre novas perspectivas, mas também exige que o mecanismo seja inclusivo, beneficiando diretamente as comunidades locais e promovendo a conservação. O mercado, que envolve a compra e venda de certificados de redução de emissões, foi apresentado como uma ferramenta que precisa ser aprimorada para garantir maior equidade.

Narrativa positiva sobre a Amazônia: Comunicadores foram incentivados a abordar não apenas os desafios, mas também as riquezas culturais e ambientais da região, fortalecendo uma visão mais otimista e estratégica sobre a Amazônia.

A escolha de Belém como sede da COP 30 foi apontada como uma oportunidade estratégica para amplificar a visibilidade da Amazônia em um momento decisivo para as ações climáticas globais. Segundo os palestrantes, a cidade deve se preparar não apenas para receber líderes mundiais, mas também para garantir um legado significativo para a região e suas comunidades.

Cleide Pinheiro enfatizou a importância de fortalecer as comunicações locais: “É essencial que jornalistas e comunicadores amazônicos estejam capacitados para cobrir, além dos eventos, os impactos e as soluções específicas da região”, ressaltou.

Ao tratar das expectativas para a COP 30, Daniel Nardin destacou: "A construção de um legado começa agora, com planejamento adequado e com o envolvimento direto das comunidades locais no debate global".

O Programa Diálogos de Comunicação continuará ao longo do próximo ano, oferecendo sessões de treinamento voltadas à formação de redes colaborativas e à ampliação do acesso a informações sobre o clima. O evento também reforçou a necessidade de diversificar as fontes de financiamento climático, incluindo maior participação do setor privado e de bancos multilaterais. Assim, espera-se consolidar a Amazônia como protagonista nos debates globais sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.

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